Resenha: E No Final A Morte, Agatha Christie


Olá, leitores! Para minha primeira publicação eu trouxe uma resenha de Agatha Christie pra vocês! O livro foi escrito em 1944, mas seu lançamento no Brasil, pela editora Nova Fronteira, ocorreu apenas em 1979. Um livro recomendadíssimo, e que com muito orgulho fiz essa resenha.






Sinopse

O local é o Egito Antigo. A época é o ano 2000 a.C. Em uma sociedade na qual o sentido da vida está intimamente relacionado aos rituais da morte, a jovem viúva Renisenb volta para a casa de seu pai, o sacerdote funerário Imhotep, para encontrar tudo aparentemente do jeito que deixou antes de se casar. O frágil equilíbrio familiar é quebrado quando o patriarca retorna de uma de suas viagens trazendo para casa a jovem Nofret para ser sua concubina: uma presença que desperta os piores sentimentos nos habitantes da casa.



 

Título original: Death Comes As The End

Editora: Nova Fronteira

Ano: 1979

Páginas:210





Em “E No Final A Morte”, romance policial publicado em 1944, a excelentíssima Agatha Christie nos traz uma narrativa muito intrigante e envolvente. O começo da obra, admito, e na minha opinião, é bem tediosa, o que pode fazer o leitor abandonar o livro, deixando de dar continuidade a uma história que, se a princípio parece insossa, mais para frente se revela uma trama espetacular. Essa impressão que eu tive se deva, talvez, pelo fato de a autora apresentar, num primeiro momento, todos os personagens envolvidos na história — principalmente as suas personalidades que, em cada um deles, é marcante e única, muito bem descrita e narrada, se tornando uma coisa quase tangível —,
adiando, assim, um pouco o foco real e central da história. Uma narrativa que não deixa de ser importante conforme o desenrolar do drama, e que num primeiro instante pode parecer dispensável; porém, não o é.
Quando comecei a ler o livro fiquei muito animada por, principalmente, se tratar de uma história que se passa no Egito Antigo, 2.000 anos a.C. E como boa ex estudante de História, qualquer coisa que envolva períodos marcantes para a humanidade — e ainda mais sobre uma civilização épica como os egípcios — é um ponto a mais para meu interesse na leitura.

 

 Somos um povo estranho, nós, os egípcios. Amamos a vida… e mesmo assim começamos bem cedo a planejar a morte (…)



Agatha Christie nos fala sobre uma jovem viúva — Renisenb — que retorna para a casa de seu pai, Imhotep, um sacerdote de Ka, acreditando que tudo e todos são tão iguais quanto ao se casar, oito anos antes. Tudo muda — e os personagens se revelam quem realmente são — quando, voltando de uma viagem do Norte, Imhotep traz Nofret, uma jovem e bela moça, para ser sua concubina. Cheia de ganância, provocações e bajulações, Nofret desperta nos familiares de Renisenb os mais vingativos e odiosos sentimentos. Após um desentendimento com uma das noras de Imhotep, Nofret lhe escreve e relata como está sendo maltratada por seus filhos e noras. Irado pelos maus-tratos, ele envia uma carta ameaçando deserdar todos eles. 



(…) Existe um mal que vem de fora, que ataca de modo que todos podem ver, mas existe outro tipo de podridão, que brota de dentro; que não mostra nenhum sinal aparente, que cresce devagar, dia a dia, até que, finalmente, todo o fruto está podre, carcomido pela doença.


Os ânimos se alvoroçam com a notícia. Ameaças e conspirações são feitas contra a concubina. E, então, logo ela aparece morta. Logo, também, para suspeitarmos de uma primeira personagem por conta de sua mudança de comportamento.
Mas quando a morte desta personagem acontece, somos levados a crer numa vingança sobrenatural, numa maldição causada pelo espírito da jovem e morta concubina. No entanto, quando outras mortes vão ocorrendo, fica claro que não se trata de espíritos sobrenaturais, mas de uma pessoa viva — e mais: alguém entre eles!
Agatha consegue desenvolver uma trama muito bem elaborada, diálogos bem construídos e que sempre nos deixam com um quê de suspense. A cada linha, a cada página, vamos tentando imaginar quem poderia ser o causador de tais mortes, quem seria o traidor entre eles e por que, enumerando motivos, somando com a personalidade de cada personagem do livro. A autora consegue manobrar nossa opinião acerca do assassino com muita facilidade, sendo, dessa maneira, difícil dizermos com certeza quem é o responsável pelas mortes. Numa página, há a certeza de que se trata de determinado personagem, mas assim que a viramos, já mudamos de opinião.



(…) De qualquer forma, que são os homens? Eles são necessários para gerar crianças, é tudo. Mas a força da raça está na mulher. Somos nós, Renisenb, que legamos a nossos filhos tudo o que é nosso. Quanto aos homens, deixem-nos procriar e morrer cedo… 


É incrível o poder de persuasão que Agatha exerce sobre nós conforme o desenrolar da narrativa.
A leitura se torna ainda mais tensa e de grande expectativa porque o desfecho se dá nas últimas páginas do livro, nos proporcionando uma sensação de angústia e ansiedade para a revelação final. Uma revelação, aliás, completamente inesperada e surpreendente. Me é permitido dizer somente que os assassinatos vêm daquele que menos se espera.  
Para quem gosta de romance policial, de uma pitada de romance, de expectativa e finais inesperados fica aqui a minha recomendação para o meu primeiro post: E No Final A Morte, que você pode encontrar edições mais recentes e a preços superacessíveis.

2 Comentários

  1. Simplesmente o livro é maravilhoso e sua resenha está incrível!
    Beijos
    https://perdidasemhistorias.blogspot.com.br

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    1. Oi pessoal, eu li este livro quando tinha 21 anos, em 1982, fiquei completamente envolvido, não queria parar de ler. O ambiente é muito bem descrito, o Egito antigo, o rio Nilo com suas estações, a cheia, a colheita...Uma aldeia onde vivem os personagens...A descrição dos personagens, os relacionamentos entre eles... E as mortes que vão acontecendo...Um clima de alto suspense, algo errado no ambiente, uma certa tristeza. Para quem gosta do estilo policial, imperdível. Um dos melhores livros de Agatha.

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